Região ainda não tinha instituições que ofereciam a graduação; presidente de sindicato pede valorização salarial para manter formandos no SUS
O MEC (Ministério da Educação) autorizou, em portaria publicada no Diário Oficial da União da última sexta-feira (8), a Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo) de Hortolândia a oferecer graduação de bacharelado em medicina.
Segundo o Sindimed (Sindicato dos Médicos de Campinas e Região), essa será a primeira instituição na história da RPT (Região do Polo Têxtil) a oferecer o curso.
A faculdade fez a solicitação ao governo federal em agosto de 2022. Desde então, avaliações foram feitas até a aprovação de 60 vagas totais anuais em turno integral. A expectativa é que as atividades comecem já em 2025.
Essa habilitação levou em consideração a estrutura de laboratórios montada pela Unasp. Além disso, de acordo com a faculdade, os alunos poderão trabalhar na rede do SUS (Sistema Único de Saúde) desde o primeiro semestre.
Há parcerias firmadas com hospitais – entre eles, o Hospital Municipal e Maternidade Mário Covas -, unidades de saúde e CAPSs (Centros de Atenção Psicossocial).
O prefeito de Hortolândia, Zezé Gomes (Republicanos) afirmou que a graduação poderá aumentar a oferta de profissionais para a região e possibilitar a criação de um hospital universitário.
“Essa conquista coloca nossa cidade em um novo patamar educacional e abre portas para futuras parcerias estratégicas com a universidade, que podem beneficiar toda a população”, completou.
Política
Ao LIBERAL, o presidente do Sindimed, Moacyr Esteves Perche, afirmou que a oferta de médicos só aumentará se houver uma política de valorização salarial, problema que tem “espantado” profissionais em Americana, e melhores condições de trabalho.
Ainda segundo ele, o maior impacto no momento seria na oportunidade para jovens trabalharem na atenção básica, atenção secundária, ambulatório, enfermarias e centro cirúrgico, embora exista uma preocupação com a qualidade do ensino.
“Escola de medicina não resolve. Um programa de residência médica facilita, mas também não garante que o médico, depois da conclusão do curso, fique na região. A maioria dos estudantes uma vez formados vai embora por conta dos salários”, ponderou Moacyr.
O presidente do Sindimed também criticou o número excessivo de autorizações para cursos de medicina, mas destacou que para Hortolândia, no sentido econômico, pode trazer desenvolvimento a médio e longo prazo.
“Abre mais um mercado para o médico, sem dúvida. O curso de medicina não é barato em qualquer circunstância, então você tem toda uma perspectiva de mudar a economia local, valorizar os imóveis e a região”, finalizou.